segunda-feira, 1 de abril de 2013

ESTRANGEIROS (DEOPS)

Nestes meus dez anos de atuação na área de reconhecimento de nacionalidade, uma vez me deparei com um caso curioso, em que um cidadão português simplesmente não tinha identificação no Brasil e precisava atualizar seus dados junto ao Consulado De PT: todos os seus documentos haviam sido destruídos pelo DEOPS após um interrogatório. Ele era considerado um inimigo pelos idos de 1940 quando ocorreu a investigação. E certamente não foi o único. Arquivo Público de SP libera 1 milhão de imagens do Deops Prontuários foram produzidos pela Delegacia de Ordem Política e Social (Deops-SP) entre 1923 e 1983 O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi ao evento na companhia do também tucanao José Serra Foto: Bruno Santos / Terra O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi ao evento na companhia do também tucanao José Serra Foto: Bruno Santos / Terra Vagner Magalhães Vagner Magalhães Direto de São Paulo O Arquivo Público do Estado de São Paulo liberou na manhã desta segunda-feira a consulta pública, pela internet, de mais de 274 mil fichas digitalizadas e 12,8 mil prontuários produzidos pela Delegacia de Ordem Política e Social (Deops-SP) no período compreendido entre 1923 e 1983. No total, são cerca de 1 milhão de imagens, fichas, prontuários e dossiês. Nesses 60 anos, estão compreendidos dois períodos em que houve cerceamento das liberdades no Brasil: o Estado Novo (1937-1945) e a ditadura militar, iniciada em 1964. A pesquisa pode ser feita a partir do site do Arquivo Público. Segundo o coordenador do órgão, Carlos Bacellar, a ampliação do acesso a qualquer cidadão é uma etapa importante para a democracia brasileira. "Já mantínhamos esse arquivo aberto para quem quisesse consultá-lo e agora fica disponível a qualquer pessoa interessada", disse ele. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que foi ao evento na companhia do também tucanao José Serra, disse que há o compromisso do Estado com a transparência de informações, principalmente no que diz respeito ao regime militar. "Política de Direitos Humanos é política de Estado. Esse é o compromisso. São documentos importantes para a construção de uma sociedade ainda melhor", afirmou Alckmin. Exilado durante o regime militar, Serra ponderou que há muitas informações erradas nas fichas. "Numa delas diz que eu fui a um jantar com o soviético Yuri Gagarin - primeiro homem a viajar ao espaço - e que nessa ocasição eu teria chorado quando se falou da União Soviética. Eu mal tinha entrado na universidade. Eles eram muito incompetentes, até porque eu nunca fiz parte do fã-clube da ex-URSS", disse ele. Paulo Abrão, secretário nacional de Justiça, afirmou que boa parte desse arquivo foi construído para justificar a repressão. "Há muitas mentiras ali, mas é mais um passo no aperfeiçoamento da nossa jovem democracia", ressaltou. "Que os outros governadores sigam o exemplo de São Paulo. Essa é uma homenagem à luta dos familiares dos mortos na ditadura por esse acesso", completou ele. Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão Nacional da Verdade, diz que o acesso irrestrito, sem qualquer tipo de obstáculo, "permite desenvolver uma análise crítica em relação a esse acervo". FONTE: TERRA

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