sexta-feira, 12 de março de 2010

OS REPATRIADOS DA CRISE


Os repatriados da crise
Como está sendo a volta dos brasileiros que não têm mais oportunidade lá fora e procuram agora nova chance no Brasil
Camila Pati e Adriana Nicacio




"O Japão está tendo dificuldades, pois a quantidade de decasséguis é imensa"
Aline Nakamoto

Depois de oito anos trabalhando no Japão, Aline Nakamoto, 25 anos, viu-se obrigada a retornar ao Brasil devido à crise econômica muldial. A brasileira faz parte do contingente de cerca de 30 mil decasséguis dispensados de seus empregos na indústria japonesa até dezembro de 2.008.

"O Japão está tendo dificuldades, pois a quantidade de decasséguis é imensa", conta Aline, exfuncionária do setor de solda em uma metalúrgica instalada na pequena cidade de Mooka-shi, na província de Tochigi-ken, conhecida pelas vastas plantações de arroz.

Metade de seus familiares que continuaram por lá está desempregada. "As fábricas estão sem serviço, os salários abaixaram muito, já se viam pessoas morando na rua e passando fome", diz Aline, que está em São Paulo desde o final de dezembro, mas planejava retornar ao Japão.

"Vou fazer o que lá, se não tem emprego? Muitos decasséguis não voltam ao Brasil pois não querem ver que tudo foi em vão." Aqui, mesmo que, de setembro para cá, tenham sido fechados mais de 409 mil postos de trabalho, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, Aline conseguiu uma vaga numa escola.



Com uma taxa recorde de desemprego de 4,8%, o Japão viu 10% do seu contingente de trabalhadores brasileiros - em torno de 320 mil - lotar aviões com passagens só de vinda ao Brasil (leia quadro). "A maioria está retornando porque não tem trabalho e o custo de vida é altíssimo", explica Kioharu Miike, presidente da Associação Brasileira de Decasséguis. Por conta disso, o governo está oferecendo até dinheiro para que os trabalhadores voltem aos seus países de origem.

A quantia de US$ 3 mil - entregue aos decasséguis com a condição de que eles não voltem até a poeira da crise abaixar - gerou protestos por parte dos trabalhadores. O 1o de Maio foi marcado no Japão por passeatas contra a falta de trabalho e a discriminação em relação aos imigrantes, os primeiros a sofrer os efeitos da crise. Entretanto, Miike diz não ver motivos para críticas.

"Como deixar o país não é compulsório, eu entendo como uma restrição técnica dentro de um pacote com uma série de medidas lançadas pelo governo japonês", diz. Assim que chegam ao Brasil, os ex-decasséguis procuram organizações nipo-brasileiras na tentativa de se readaptar ao mercado nacional. Nos últimos meses, tanto o atendimento na Associação Brasileira de Decasséguis quanto no Instituto de Promoção Humana Grupo Nikkei (entidade que tenta reinserir os profissionais no mercado) quadruplicaram. "Assim continuará até que se atinja um ponto de equilíbrio entre a oferta e a demanda de mão de obra estrangeira no Japão", prevê Marcos Haniu, diretor do Nikkei.

Embora o fluxo migratório do Japão seja o mais visível, os países da Europa e os Estados Unidos também passam por uma grave escassez de empregos. "Muita gente que já pretendia voltar está aproveitando para fazer isso agora e aqueles que tinham planos para o futuro estão adiantando a volta", diz o embaixador Eduardo Grandilone, diretor do departamento consular e de brasileiros no estrangeiro do Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o embaixador, a ausência de dados sobre quantos brasileiros desembarcaram de volta deve-se principalmente ao fato de a maioria estar no Exterior em situação irregular, com exceção dos decasséguis. "O movimento de retorno do Japão é mais claro do que o da Europa e dos Estados Unidos, onde há muito mais casos de situação irregular." Ele diz que quem volta ao Brasil ou está em situação irregular ou com problemas financeiros e sem emprego. "Além da crise econômica, há uma maior rigidez nos controles migratórios."



MUDANÇA Gonzáles e Dulcimar anteciparam o plano de retorno e já se estabeleceram em Brasília

É o caso da brasileira Mônica Chianelli, 40 anos, que, depois de oito anos morando em Somerville, no Estado americano de Massachusetts, não conseguiu o green card e voltou com o marido e os filhos para Niterói (RJ). "Eu e meu marido tínhamos o número do seguro social, mas meus três filhos não, o que os levaria a ter apenas subempregos, não queria isso para eles." A brasileira Abgail Amorim, fundadora e diretora-executiva da Brazilian Alliance, entidade que presta assistência aos imigrantes brasileiros em solo americano, confirma que os atendimentos passaram de 20 para 50 por mês, desde o início da crise. "As batidas de imigração e o desemprego geraram pânico."

Na Comunidade Europeia, onde o desemprego atinge mais de 20 milhões de pessoas, a situação mais grave é a da Espanha. São mais de 3,6 milhões de pessoas procurando trabalho, ou seja, 17,4% da população. Desse grupo, meio milhão é de estrangeiros. Por isso, a Espanha criou um plano de retorno voluntário para imigrantes, em novembro de 2008. Quem resolver voltar para seu país de origem receberá em duas vezes as parcelas do seguro-desemprego - normalmente pagas em 18 meses, dois anos ou três anos. Quarenta por cento do dinheiro é pago na Espanha e os outros 60% no Brasil. Como no Japão, quem aceitar o acordo se compromete a não regressar em menos de três anos.

A Espanha estima que haja 60 mil trabalhadores brasileiros legalizados em condições de optar pelo acordo para deixar o país. O brasiliense Paulo Sérgio Lima, 29 anos, faz parte do grupo de desempregados na Espanha. Ele mora em Barcelona e perdeu o emprego de dois anos em uma loja de roupas. Embora ainda não tenha voltado, já começa a pensar no assunto. "Não posso descartar essa possibilidade. Tenho visto empresários fecharem as portas e pessoas perderem suas casas porque os juros das hipotecas subiram muito."

Durante os nove anos em que viveu na Espanha, a goiana Dulcimar Santos, 43 anos, pensava em um dia voltar para o Brasil. Para sua sorte, o marido, Daniel Gonzáles, 58 anos, compartilhava de seus planos. Embora nascido na Espanha, Gonzáles foi criado no Rio de Janeiro e só conheceu a terra natal aos 21 anos. O casal, porém, resistia em deixar a Espanha em troca de instabilidade no Brasil. Em novembro, depois de concluir que as incertezas haviam mudado de lado, Dulcimar e Gonzáles fizeram o caminho inverso. Eles acabam de inaugurar uma clínica de estética em Brasília, um antigo sonho de Dulcimar.



ALTERNATIVA Radicado na Espanha, Paulo Sérgio acaba de perder o emprego numa loja e começa a planejar o caminho de volta

Seu marido, além disso, monitora a distância um outro empreendimento da família - uma churrascaria em Madrid. "A crise está afetando os negócios, mas ainda dá para segurar", comenta Gonzáles. "Voltei na hora certa."

Na Espanha, se o brasileiro consegue escapar da crise, esbarra na burocracia. Como a paulista Claudia Cavalcante, 35 anos, profissional de marketing, que conseguiu trabalho em seu setor de atuação, mas enfrentou dificuldades para regularizar seus documentos. Acabou perdendo a oportunidade. "Foi a demora na homologação do meu diploma que fez com que eu voltasse ao Brasil", conta a paulista, pronta para recomeçar a busca por trabalho, agora em solo brasileiro.



Como na Espanha, os brasileiros que vivem na Holanda também começam a sofrer, conta a empresária paulistana Gisa Muniz, 44 anos, dona do Instituto de Línguas Talent Talen, na cidade de Utrech. Antes da crise, Gisa, radicada nos Países Baixos há 19 anos, não se preocupava com gastos, viajava muito. Hoje, teve que cortar gastos.

"Quando abordamos uma empresa oferecendo nossos serviços, a resposta, em muitos casos, é que o orçamento para cursos está congelado." Gisa, que não tinha vontade de deixar a Holanda, já começa a mudar de ideia. "Pela primeira vez estou planejando abrir uma filial no Brasil." Como muitos que foram para o Exterior, Gisa percebe que, agora, as oportunidades estão aqui.
FONTE: ISTO É INDEPENDENTE

segunda-feira, 1 de março de 2010

REFERÊNCIAS




"Confio plenamente no trabalho da Consultora Ana Paula Rassi Nyikos. Após ter tido problemas com profissionais desonestos em Portugal e ter ficado desconfiado dos profissionais, a Ana Paula proporcionou a mim e aos meus filhos o melhor atendimento, retificando documentos brasileiros na justiça, conseguindo agilizar meu processo no consulado que ficou parado por causa de burocracias. Hoje eu e meus filhos temos nossa cidadania portuguesa e passaportes. Um detalhe: todo o processo foi feito à distância e desde o primeiro contato só nos falamos por telefone, e-mail e carta. Recomendo os seus trabalhos e profissionalismo." Moacir Reinas, contador. E-mail: mestri@uol.com.br

REFERÊNCIAS


Prezados senhores,

Depois de um ano de batalha, com a boa orientação da Sra. Ana Paula Rassi Nyikos, tive a felicidade de conseguir minha cidadania espanhola.

Fruto de um trabalho constante e persistente junto ao Consulado espanhol tivemos sucesso e hoje possuo o passaporte europeu, o que me abre fronteiras para uma maior integração com o mundo exterior, bem como melhores possibilidades aos meus filhos e familiares.

Atenciosamente,

Ronaldo Gonçalves Lorenzo (brasileiro) / Ronaldo Moredo Silva (espanhol). Fez processo de cidadania espanhola pela nova lei (netos). E-mail: dismat@terra.com.br